segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Videoarte - O pioneirismo de Letícia Parente

"Realmente o pensamento faz a consistência, elabora as amarras das coisas. " - Letícia Parente
Se a conversa principal do nosso blog é arte eletrônica, nada mais justo do que especificarmos um pouco mais o assunto e tratarmos de um dos tipos mais expressivos no que se refere a expressões artísticas que se valem de recursos tecnológicos: A videoarte.

Pode-se definir videoarte como uma expressão artístico-visual que não só utiliza o recurso do vídeo, mas é pensada para este formato.  Embora o leque de possibilidades criativas que se tornam exploráveis pela videoarte tenha se expandido bastante com o advento das evoluções tecnológicas e digitais, sua expressão está associada às tendências vanguardistas, ao minimalismo, pop art e arte conceitual desde que se deu o seu surgimento, na década de 60. 

De qualquer forma, o que a videoarte propõe em linhas gerais é o estabelecimento de uma nova interação entre obra e espectador, que se dá na reconfiguração do espaço usado pela expressão artística.

No Brasil, entre numerosos nomes dedicados a área, fazemos menção especial ao de Letícia Parente.
Artista, baiana e química, Letícia Parente foi natural de salvador, nascida em 1930, e morreu na cidade do Rio de janeiro em 1991. Participou na década de 70 dos mais importantes circuitos, nacionais e internacionais, de videoarte, sendo uma das precursoras no Brasil.
Na obra de Letícia, a principal atriz costuma ser ela mesma. Seu corpo sendo testado e exposto continuamente em atividades cotidianas ultrapassa a tela e submete o espectador às sensações de tato, reconhecimento e agonia.
Sua obra permanece em circulação, tendo sido exposta em Salvador recentemente, entre os dias 25 de julho e 04 de setembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia, com a curadoria de André Parente e Katia Maciel. 




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O MASP e o QR Code


Na semana do feriado de independência estive em São Paulo e aproveitei para matar o tempo livre visitando alguns museus. Obviamente o MASP – Museu de Arte de São Paulo – não poderia ficar fora da minha lista.

Fundado em 1947 e idealizado por Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi, o museu é caracterizado por conter obras de grande valor histórico e econômico. Seu acervo é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – e possui atualmente cerca de 8.000 peças, dentre as quais se destacam as pinturas ocidentais, principalmente italianas e francesas, como Rafael, Botticceli – da escola italiana – e Delacroix, Renoir, Monet, Cèzanne, Picasso, Modigliani, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Matisse e Chagall – da chamada Escola de Paris. O passeio já era interessante por si só, mas seu conteúdo foi potencializado pelo fato de estar matriculada em uma disciplina que estava falando justamente de movimentos artísticos modernos que convergiam para a Escola de Paris.

Em meio a tantas obras clássicas, fiquei me perguntando se havia espaço em algum lugar para a arte digital ou se haveria qualquer símbolo que remetesse à mesma. E, touché, havia. Na Galeria Clemente de Faria dentro do MASP – o único local dentro do museu onde era permitido tirar fotos – diversos murais coloridos e obras compunham o espaço.

Depois de tanto andar e olhar, reparei em algumas obras que continham o seguinte:


Lembro claramente de já ter visto aquele quadradinho logo à direita em outros locais: em paredes, revistas e até mesmo na porta do banheiro feminino da Facom. Sabia que a presença daquilo significava uma espécie de multimídia da obra, mas sequer imaginava como se chamava. Fui pesquisar e a resposta veio rapidamente: QR code.

Como eu havia suspeitado, o Quick Response code é um código de barras em 2D que pode ser escaneado usando qualquer celular moderno. Esse código vai ser convertido em um pedaço de texto e/ou um link que o celular os identifica.

Nesse vídeo, Pedro Morales mostra um cubo à base de LEGO montado por ele que permite visualizar uma realidade alternativa, que interage com o celular graças ao QR Code. Já nesse segundo vídeo, o QR code atua como "realidade aumentada" e aparece como uma ferramenta para consumidores de obras de arte.

Para os curiosos de plantão, existe muito material disponível na internet com demonstrações da utilização de QR code, que não age apenas no ramo das artes digitais- mas que potencializa seu caráter de interatividade. A abrangência dessa ferramenta é muito maior do que podemos imaginar e cabe para diversos setores, seja na comunicação, publicidade ou outros.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Douglas Davis: um dos pioneiros

O post de hoje vem falar de um dos pioneiros da arte eletrônica em rede, Douglas Davis, artista, teórico, critico, professor e escritor, que desde 1960 tornou-se ativo no uso de tecnologia interativa como um meio para a arte e comunicação. Começou com uma arte crítica. Foi pintor e no início de 1967 criou eventos artísticos e performances; após um longo período de estudos, tornou-se diretor artístico da Rede Internacional para as Artes em Nova York.

Ele deu inicio ao uso artístico das transmissões de rádio e televisão, instigando o diálogo com o espectador através de performances ao vivo em galerias, museus e vídeos de peças de ação. O objetivo das peças de ação é superar tradicionais práticas unilaterais de comunicação, por meio de interações personificadas. Atualmente Davis usa a Internet para a disseminação de suas inovações.

Em 1976, Davis criou a performance “Seven Thoughts” onde faz a primeira transmissão direta de satélite ao vivo para um canal de televisão, Davis fala durante 30 minutos seus 'sete pensamentos' ('Seven Thoughts') em frente a vários microfones no telhado do enorme ginásio Houston Astrodome, sendo captado diretamente ao vivo pelo satélite.

No link http://www.medienkunstnetz.de/works/seven-thoughts/ você pode ler um depoimento de Douglas Davis sobre a exibição.

O 'The 9 Last Minutes' foi uma experimentação artística feita ao vivo pela televisão, exibida como primeira transmissão internacional via satélite do canal alemão Kassel. A performance de Davis leva o nome pelo fato do programa ter 29 minutos de duração, e a parte em que ele fala ter apenas 9 minutos, traduzindo assim "The 9 Last Minutes" para "Os Últimos 9 Minutos".

Mas não pense que para por aí, iremos conhecer outros pioneiros e os atuais destaques desse meio que vem crescendo.

E agradecemos a esses inovadores, por mostrar esse novo conceito de arte e desmistificar algumas atitudes fechadas quanto a definição de arte e por mostrar a real importância da transformação e disseminação da mesma.

Link para o blog de Douglas Davis http://www.douglasdavis.blogspot.com/

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Evento: Networked Hack Lab

Acontecerá em Salvador no dia 06 de setembro, o projeto Networked Hack Lab - projeto focado em experimentações audiovisuais. Ocorrerá no Largo de Santana, Rio Vermelho, a partir das 23:00 horas.

O evento usa intervenções em prédio e monumentos como uma forma de ocupação do espaço urbano com tecnologia e arte.

As intervenções serão feitas pelo artista uruguaio Fernando Velázquez.

O evento será GRATUITO.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Ferramentas de trabalho

Na década de 60, a arte se apropriou de mais um meio. A utilização de algumas ferramentas (a internet, o vídeo, o CD-ROM, a realidade virtual, etc), possibilitou o surgimento da arte eletrônica. Artistas inovadores se aventuraram pelo domínio desconhecido da criação gráfica. Essa junção da arte com a tecnologia / homem e máquina abriram novas possibilidades, tanto para os artistas quanto para os espectadores.

“Os monitores de nossos micros datam da década de 70 e a Internet mal acaba de completar uma década (surgiu em 30/04/1993), mas a arte eletrônica já possui um acervo considerável, tanto no Brasil quanto no mundo.”


Nam June Paik e Wolf Volstell Stell foram os precursores das primeiras experiências da arte eletrônica. Sendo influenciados por eles, foi surgindo no cenário brasileiro a partir da década de 70, artistas como Anna Bella Geiger – que utilizou o uso de impressão fotográfica, foto-montagem, escultura e vídeos -, Paulo Herkenhoff, Ivens Machado, Antonio Dias, Waldemar Cordeiro, Augusto de Campos - poesia concreta em vídeos -, dentre outros.

Dentre os diversos estilos de arte eletrônica, podemos citar pelo menos três:

Web Arte - As criações oferecem ao espectador interagir através de um navegador.
Arte Transgênica – Fusão da arte, tecnologia e biologia. As criações são geralmente acessadas a partir de uma página na internet e difere das obras convencionais por não terminarem em si. Sua existência depende da interferência de um observador que pode modificá-la de acordo com sua vontade.
Vídeoarte – Interferências em vídeo. Arte que se baseia em imagens em movimento.

"A arte eletrônica tem muito a dizer sobre a experiencia contemporânea, sobre a própria noção de arte e sobre nós mesmos."


Leituras recomendadas:

FRANÇA, Lilian. De cordeiro a Lobo: Contribuições da História da Arte Eletrônica no Brasil para a construção de Ciberculturas
CORDEIRO, Waldemar. Arte analógica e/ou digital. In: ARTE novos meios/multimeios: Brasil 70/80. Apresentação Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado. São Paulo: FAAP, 1985. p. 191-192.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mostra: Letícia Parente e a videoarte no país

O Museu de Arte Moderna da Bahia recebe, a partir de segunda-feira (25), a mostra inédita de Letícia Parente, cujos trabalhos da artista homônima são considerados precursores do videoarte do país. A curadoria é uma parceria entre a artista e acadêmica Kátia Maciel com André Parente, filho da videoartista baiana.

Entre as obras, a mostra traz os vídeos Marca Registrada, O homem do braço e o braço do homem, Quem piscou primeiro, além da instalação Ora Pro Nobis. Entre as linguagens, Parente explorou gravuras, fotografias, arte postal, performance, audiovisuais, xerox e instalações, que poderão ser apreciadas pelo público visitante.

“Reconhecida pelo forte caráter político de sua obra, Letícia Parente expandiu as fronteiras formais e conceituais do fazer artístico, radicalizando experiências através do seu corpo numa atitude permanente de crítica lúcida, confronto e transgressão”, declara a diretora do MAM-BA, Stella Carrozzo, em nota da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia. Letícia Parente é natural de Salvador, nascida na década de 1930. Foi doutora em química e professora da Universidade Federal do Ceará e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Ela morreu no Rio de Janeiro em 1991.

A exposição Letícia Parente estará em cartaz de 25 de julho a 4 de setembro, na Capela e no Casarão do MAM-BA, situado na Avenida Contorno, Solar do Unhão, em Salvador. A entrada é franca.

Fonte: http://migre.me/5JBOb

Confira um vídeo que está na exposição

Marca Registrada: http://www.youtube.com/watch?v=J5RakZ433wA