A sociedade, de maneira geral, apresenta-se cada vez mais viciada na utilização das novas tecnologias. Engana-se, no entanto, quem ainda permanece com a ideia de que essas novas técnicas aplicam-se apenas e principalmente às áreas exatas e biológicas, zonas "sóbrias". Esse é um mito que vem sendo quebrado a medida que as tecnologias vem - constantemente - se aperfeiçoando. Um exemplo bem claro e simples são os os chamados artistas contemporâneos. Tem se tornado crescente o número de artistas que se utilizam dessas novas ferramentas, que possibilitam uma monstruosa sensação de interatividade, a seu favor. Mas por quê?
No vídeo produzido pelo Itaú Cultural, o curador Arlindo Machado afirma que “os artistas se utilizam dos instrumentos mais avançados do seu tempo, mas esses instrumentos não são necessariamente feitos para a produção de arte.” O texto "A fábrica" de Vilém Flusser trabalha justamente com essa temática, ratificando a ideia de que as máquinas e aparelhos eletrônicos são "imitações, próteses que prolongam o alcance e ampliam as informações herdadas geneticamente" do que poderia ser feito com as mãos. O papel do artista, aliado com a nova habilidade herdada pelos aparelhos eletrônicos, permite transformar o trivial em arte e extrair o que há de mais - veja só! - sensível e artístico nas tecnologias.
É indiscutível que os aparelhos já se tornaram uma extensão do homem. O vídeo produzido por Juliana Cerqueira é uma modalidade da arte contemporânea denominada como instalaçãoaqui. Nesse vídeo, Juliana discute o limiar entre o real e o virtual e os limites entre o corpo e a máquina. O corpo humano foi expandido, quase se assimilando ao aplicativo de algum aparelho maior. e pode ser conferida
A tecnologia é uma nova plataforma em que o artista pode expor o que deseja mostrar e propõe uma interação com o público, diferentemente da ideia intocável de peças encontradas em museus: a interatividade é o diferencial. Aliás, essa é a grande característica da arte eletrônica, que faz com que o espectador/fruidor faça parte daquilo, modifique e torne-se um co-autor da obra. Isso chama muito a atenção do público, pois a tecnologia, de bônus, ganha um papel de conexão entre a obra e o público. No caso dos VJs, por exemplo, eles fazem com o que o público interaja com a música de uma forma mais intensa através das imagens expostas.
Esse é o aspecto fundamental da arte eletrônica, elemento temático que vem sendo estudado de forma mais aprofundada ao longo da evolução técnica - a interatividade. A interatividade vai desde pensar a relação e o diálogo entre homem e máquina até o papel de todo artista, que é fazer de sua obra algo de reflexão, de discussão e que possa mudar certos conceitos - inclusive técnicos - estabelecidos na sociedade.
Essas ferramentas hoje são de uso indispensável e nos possibilitam utilizá-las como meio de trabalho para a produção e execução dessa nova arte. Algo que não seria necessariamente feito com a finalidade de produzir arte, através de uma nova visão ou leitura, passa a ser concebido como algo inovador e de valor artístico.
Esse texto foi elaborado a partir do vídeo Emoção Art.ficial do Itaú Cultural, que, além de descrever sobre a arte eletrônica, traz em sua própria produção a formulação de uma peça artística. Esse vídeo nos permite assistir, interagir, apreciar e entender um pouco mais desse universo de valor ciber-artístico.
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